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sexta-feira, 7 de abril de 2017

Depressão: diagnóstico precoce evita agravamento e casos crônicos da doença


Agência Brasil

Ao longo das últimas décadas, a classificação dos sintomas e o próprio diagnóstico da depressão registraram avanços significativos – a doença deixou de ser considerada banal, uma espécie de momento de fraqueza ou mesmo frescura, e chegou a ser referendada por diversas entidades médicas de cunho internacional como o mal do século. No Dia Mundial da Saúde, lembrado hoje (7), o transtorno foi escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como tema prioritário e de suma importância.

Para o diretor executivo e professor do Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, Ciências Humanas e Sociais, João Nolasco, falar sobe depressão, conforme recomenda fortemente a própria OMS, deve ser o primeiro e mais importante passo não apenas para que fique claro que há tratamento para a doença – figura também como uma estratégia essencial para garantir o diagnóstico precoce, evitar o agravamento do quadro e, consequentemente, reduzir o número de casos crônicos do transtorno.

A distimia ou depressão leve é uma doença silenciosa. Hoje, entretanto, 6% da população mundial são acometidos por esse quadro. O indivíduo sofre calado e é comumente caracterizado como uma pessoa rabugenta ou mal-humorada. Atualmente, sabe-se que não se trata só de uma característica de humor ou temperamento. A pessoa está sempre triste, tudo é ruim, nada está bom. É alguém que não sente prazer ao realizar suas atividades rotineiras, mas consegue conviver, não se prostra”, explicou.

Confira, na íntegra, a entrevista com o psicanalista sobre a importância do diagnóstico precoce como estratégia para combater quadros crônicos de depressão:

Agência Brasil - É possível falar em prevenir casos crônicos de depressão?

João Nolasco - Dentro de um conceito psicanalítico, a grande prevenção da depressão gira em torno de a pessoa compreender a si mesma, já que a doença mexe com o que chamamos de falta de gerenciamento das emoções. Quando a gente não consegue ter essa percepção ou essa capacidade de gerenciar as emoções em torno do que acontece ao nosso redor, vão surgir diversos sentimentos e mecanismos de defesa. E um desses mecanismos pode se transformar em uma neurose ou em uma depressão. É uma espécie de baixa polaridade. Esse indivíduo se recolhe e, de alguma forma, quer fugir daquela dor.

Agência Brasil - O que fazer diante de um quadro de tristeza persistente?

Nolasco - Nesses casos, a reação deve ser sempre a busca pela psicoterapia. Em alguns casos, claro, se fazem necessários a entrada de medicamentos e o atendimento psiquiátrico. Mas a psicoterapia não pode faltar nunca, para que o indivíduo comece a compreender os porquês de tudo isso que acontece com ele. Trata-se de uma oportunidade para que consiga mudar. É como Sigmund Freud costumava dizer: quando a dor de não estar vivendo for maior do que o medo da mudança, a pessoa muda. Partimos desse princípio: a gente tem que fazer essa caminhada dentro de nós mesmos. Afinal, viver triste, prostrado e mal-humorado não é legal para ninguém.

Agência Brasil - No que exatamente consiste o tratamento?

Nolasco - As perguntas que sempre faço aos meus pacientes são: onde você estava? Onde está agora? E onde quer chegar? Também é preciso questionar-se: Quem você era? Quem você é agora? E quem você quer ser? Isso abre portas para novas descobertas e se revela como uma oportunidade de rever a vida. A depressão leve pode aparecer como uma espécie de primeira fase para um processo de depressão severa ou crônica. Isso porque o quadro pode se agravar e se tornar muito mais intenso. Tanto é que levamos em torno de dois anos, desde o aparecimento dos primeiros sintomas, para chegar ao diagnóstico de distimia.

Agência Brasil - Ainda há muita confusão em torno do que é a depressão e de quais são seus sinais e sintomas?

Nolasco - As pessoas ainda confundem muito a tristeza com a depressão. Apesar da aparente contradição, é importante saber que o indivíduo, para ser feliz, precisa ter tristeza. Só que essa tristeza tem dia, hora e local para surgir. E sair dela deve ser um processo natural, assim como entrar nela foi um processo natural. O processo depressivo, na verdade, só se agrava devido à proporção com a qual se vive essa tristeza. Quanto mais tempo o paciente leva para procurar ajuda, mais comprometido física e emocionalmente ele vai ficar. Às vezes, ele próprio não tem essa percepção. Vai indo, vai indo e, quando vê, já está totalmente tomado pelo problema.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Anorexia: Visão distorcida da própria imagem


Por Ana Lucia Santana

O paciente com anorexia nervosa é mentalmente considerado normal, exceto na visão que alimenta de si mesmo, a qual se manifesta distorcida, levando-o a se ver gordo e feio, mesmo quando apresenta um peso inferior à sua própria média. Este distúrbio leva o indivíduo a alterar drasticamente seus hábitos alimentares e a recorrer a todos os recursos para emagrecer cada vez mais. Para tanto, ele jejua, provoca o vômito, pratica exercícios de forma exagerada, toma diuréticos e laxantes, tudo em nome de uma beleza padronizada, alimentada por um sistema econômico que elege como padrões de consumo corpos cada vez mais esbeltos.

A indústria da moda também concorre para isso, pois sempre privilegiou modelos magérrimas, e embora esteja mudando seus paradigmas, diante das constantes mortes de modelos por anorexia, continua produzindo roupas que induzem jovens e adolescentes a buscar um peso cada vez menor. Esta influência da mídia pode ser muito prejudicial nas personalidades que estão se formando, uma vez que adolescentes são normalmente inseguros, apresentam um corpo em constante transformação, e buscam naturalmente uma beleza que lhes garanta um certo poder e um lugar na turma, principalmente na escola. Também fazem parte dos grupos de risco pessoas que trazem consigo traumas que envolvem rejeição no seio familiar ou abusos físicos e sexuais, e igualmente certos profissionais, como atletas, bailarinos, dançarinos, ginastas ou modelos.

A rígida dieta a que os anoréxicos se submetem causa um profundo estresse orgânico, e envolve fatores psicológicos, físicos e sociais. Essa doença atinge principalmente adolescentes do sexo feminino e jovens ocidentais, mas também pode ser encontrada em alguns homens. Está quase sempre ligada à imagem que o paciente tem de si mesmo, à dificuldade em interagir com o social – normalmente por se achar inferior ao grupo – ou em trabalhar com sua sexualidade, mais especificamente se houver registros de abuso sexual ou de qualquer outra violência física ou psíquica. Esta enfermidade é muito grave, pois mata cerca de 20% dos que são afetados por ela, a ponto de serem internados em um hospital – por fraqueza extrema, suicídio ou alteração radical dos componentes do sangue.

Pode-se questionar como uma pessoa aparentemente normal pode apresentar esse transtorno, mas a verdade é que na frente do espelho ela não se vê como realmente é, mas sim como imagina que seja, ou como se sente – no caso, obesa e feia -, por mais que os outros à sua volta insistam que ela está muito abaixo do peso. Ela não se considera doente, e não admite essa possibilidade, muito menos consultar um especialista. O paciente tem plena convicção do que precisa, e defende ardentemente seus pontos de vista diante dos outros. Somente por seu baixo peso e seu comportamento em uma mesa de refeição é que normalmente ele é identificado. É importante compreender que o paciente sente fome, embora se negue a comer.

Os anoréxicos podem adquirir um paladar diferente e também criar alguns rituais para se alimentar, tais como comer clandestinamente. Há dois tipos de anorexia – a que envolve dieta alimentar e a binge, na qual o paciente ingere o alimento até não suportar mais, provocando depois o vômito, às vezes até naturalmente, devido à excessiva quantidade consumida. Em alguns casos mais dramáticos, o estômago se rompe de tanto o indivíduo comer. Esta enfermidade apresenta indícios que podem contribuir para o seu diagnóstico. O paciente normalmente apresenta o peso 85% abaixo do grau de normalidade, pratica atividades físicas compulsivamente, nega estar doente, as mulheres ficam pelo menos três meses sem menstruar, pois o sistema reprodutor pode ser seriamente prejudicado, há redução da libido – impotência e outras dificuldades sexuais nos homens -, deficiência do crescimento, com a má formação do esqueleto, depressão, danos intestinais e renais, tendências ao suicídio, anemia profunda, problemas na circulação do sangue, osteoporose, lábios secos, dores de cabeça, entre outros.

O tratamento da anorexia é muito difícil, uma vez que lida com fatores de origem psicológica. Além do mais, o paciente tem que aceitar o tratamento, cujo êxito depende de seu esforço próprio. Após o diagnóstico, o anoréxico enfrenta uma terapia – tanto individual quanto familiar, se for um caso menos grave. Os familiares são muito importantes nesse processo, pois o indivíduo necessita de muita paciência, motivação e todo tipo de estímulo, além do diálogo, fundamental nesse momento. Não há medicamentos que efetivamente levem o paciente a ter uma visão correta de si mesmo, ou que lhe arrebate o desejo de emagrecer. Antidepressivos devem ser usados com cautela, pois podem diminuir o apetite da pessoa, dificultando a ingestão do alimento. É muito importante não pressionar e nem forçar a alimentação, a não ser nos casos bem mais graves; a partir desse instante, é necessária uma internação e uma alimentação através da sonda naso-gástrica, sempre contendo o paciente para que ele não se livre da sonda.

Do InfoEscola

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Exercícios físicos podem reduzir riscos do Alzheimer, aponta estudo

Uma pesquisa desenvolvida em Rio Claro, no interior paulista, comprovou que, ao sair do sedentarismo, um grupo de idosos conseguiu reduzir sintomas característicos de uma predisposição ao Alzheimer, doença degenerativa que afeta os neurônios e leva à demência. A constatação está na tese de doutorado de Carla Manuela Crispim Nascimento, formada em educação física, trabalho conjunto da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

“A nossa ideia foi a de trabalhar com uma terapia não farmacológica que auxiliasse na prevenção da doença porque, uma vez diagnosticado, [o Alzheimer] não tem mais o que fazer já que a evolução [do mal] é contínua”, explicou a pesquisadora. Ela recomenda que as pessoas observem sempre se episódios de déficit de atenção estão atrapalhando atividades diárias e, caso esse problema cresça de forma a prejudicar o dia a dia, o ideal é procurar auxílio médico, como um neuropsiquiatra.

Entre 2010 e 2013, Carla e mais cinco pesquisadores atuaram no projeto “A influência de marcadores genéticos específicos sobre os efeitos do exercício físico na inflamação e no neurotrofismo em idosos com comprometimento cognitivo leve”, que selecionou 300 pessoas, com idade entre 60 e 75 anos, que não tinham o hábito de praticar exercícios físicos e apresentavam quadro clínico de comprometimento cognitivo leve.

Nessa condição, a pessoa manifesta alguma dificuldade de memória, mas sem grande impacto na rotina diária. De acordo com a pesquisadora, essa perda está relacionada ao desenvolvimento de placas amilóides, que são cadeias de proteínas levadas ao cérebro pela corrente sanguínea. “Ao aderir ao tecido neural, essas placas ocupam o lugar das células saudáveis, impedem a chegada de oxigênio e interrompem a função dos neurônios”, explicou.

Os pesquisadores observaram que os processos inflamatórios comuns em quem se encontra nesse estágio, bem como a perda de memória, entre outras deficiências cognitivas, tiveram sensível melhora após uma dinâmica de quatro meses de exercícios físicos. As atividades foram aplicadas três vezes por semana com duração de uma hora em cada um dos dias.

“O trabalho mostra que a atividade física estimula respostas biológicas do sistema nervoso que podem conferir maior resiliência contra as perdas que ocorrem em função da idade e da presença da patologia da doença de Alzheimer”, concluiu Orestes Vicente Forlenza, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pesquisador no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

No entanto, Forlenza adverte que não se pode afirmar que será possível evitar o Alzheimer por meio da atividade física, mas observa que o exercício pode sim “fortalecer o indivíduo e melhorar sua sobrevida funcional diante da doença”.

Testes
O pesquisador relata que, antes e depois da intervenção com a prática de exercícios físicos, os idosos foram submetidos a testes para medir as concentrações de neurotrofinas e citocinas (mediadores pró e anti-inflamatórios). “Clinicamente, os pacientes são submetidos a testes cognitivos (que medem memória, atenção, capacidade visuo-espacial, de abstração, etc) e ao exame neuropsiquiátrico”, explicou.

Segundo Forlenza, o comprometimento cognitivo leve “é uma situação de risco para a demência, particularmente o Alzheimer, mas não é sinônimo da doença em estágio incipiente”. A identificação do Alzheimer é feita por meio de métodos bioquímicos, entre os quais pela análise do liquor e de imagens cerebrais.

Anualmente, de acordo com o especialista, 10% dos pacientes que apresentam esse quadro acabam atingindo um grau de demência, mas uma proporção significativa não apresenta evolução para o Alzheimer, já que “os sintomas podem ter várias causas distintas, algumas delas reversíveis, como a depressão e os distúrbios metabólicos”.

O estudo já foi apresentado em dois congressos fora do Brasil – nos Estados Unidos e na França – e publicada em duas revistas estrangeiras.

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