Mostrando postagens com marcador Preconceito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Preconceito. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Preconceito, o mal que vive dentro do ser humano


Dag Vulpi

O Homo sapiens destaca-se como a única espécie consciente de sua finitude, ciente de que um dia enfrentará a morte. Curiosamente, essa percepção não nos deteve diante dos desafios naturais que surgiram ao longo de nossa trajetória evolutiva. Em vez de simplesmente "curtir a vida" como muitos animais o fazem, questionando a lógica de buscar realizações ou aprimoramento quando a morte é inevitável, os seres humanos optaram por forjar uma narrativa de imortalidade e empreenderam uma jornada rumo à conquista do planeta.

Num estágio evolutivo considerável, apesar do breve período de nossa existência, a humanidade direciona sua atenção para o firmamento, ansiosa por desvendar os mistérios cósmicos e compreender as leis que governam os movimentos mais íntimos das estrelas. Acreditamos que somente ao desbravar esses segredos celestiais poderemos lançar-nos ao desconhecido, conquistar novas fronteiras e satisfazer nossa insaciável sede de conhecimento e curiosidade infinita.

Apesar de nossa evolução como espécie, comparativamente aos outros habitantes do planeta, o ser humano carrega consigo, no âmago de sua alma, um antigo flagelo que assolou nossa existência nos árduos anos de obscurantismo intelectual e ignorância que antecederam nosso estágio atual de evolução. Este flagelo é feroz, emergindo quando menos esperamos. Mesmo diante de pensamentos elevados e realizações notáveis, ele espreita nas profundezas de nossas almas e mentes. Ao menor indício de fragilidade, suas garras afiadas trespassam a carne e o espírito de nossos semelhantes, relegando-nos a um estado primitivo e animal do qual nos envergonhamos profundamente. Esse flagelo sagaz, voraz e implacável é o preconceito.

Cada um de nós carrega consigo algum grau de preconceito, que pode variar desde os mais repugnantes, como o preconceito racial (lembrando que raça é uma construção, não uma realidade biológica), de gênero, religião ou nacionalidade, até preconceitos menos impactantes, como aversões a certos alimentos, estilos de roupa, entre outros.

O preconceito está intrinsecamente entrelaçado com a condição humana, tão essencial quanto o ar que respiramos e as partículas cósmicas. Ele revela, essencialmente, duas facetas: a ignorância e o medo. Afinal, o desconhecido é a raiz de todos os nossos temores, e o preconceito é, de fato, seu descendente mais íntimo. É como um demônio interior que sussurra: "Se algo é desconhecido ou não compreendido, deve ser maligno; escape ou enfrente".

Contudo, se o preconceito surge do nosso receio do desconhecido, como podemos acalmar esse monstro interior e mantê-lo sob controle? Com o poder do conhecimento.

A luz da informação é capaz de dissipar as sombras mais profundas da ignorância, transformando o preconceito em algo vergonhoso e frágil. Quer um exemplo prático?

Em um passado distante, a Igreja proclamou que os negros eram descendentes de Caim e que sua cor de pele era uma "marca" imposta por Deus ao assassino do irmão. Essa crença estigmatizou os negros, negando-lhes alma e humanidade, assim como foi dito sobre os povos indígenas. A ignorância e a escuridão alimentaram um dos preconceitos mais cruéis.

Contudo, a luz da ciência desfez essas crenças, tornando o preconceito racial repulsivo e característico dos desinformados e insensatos. Ao evidenciar que não existem raças humanas distintas, apenas uma única raça humana, e ao demonstrar que todos compartilhamos uma ancestralidade africana comum, a ciência desmantelou as bases desse preconceito terrível, provando que, nesse aspecto, todos somos iguais.

O ser humano pode um dia explorar o espaço e maravilhar-se com as estrelas distantes em toda a sua grandiosidade. No entanto, para que isso se torne uma realidade, é imperativo que ele domine o mal que reside dentro de si. Eliminar para sempre e relegar ao mais profundo e inacessível canto de sua mente e espírito esse demônio impiedoso e nocivo que representa o pior em nós.

Pense nisso.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Ativistas protestam contra a lesbofobia no CCBB do Rio de Janeiro

Com uma “chuva” de balões lilases amarrados a mensagens contra a LGBTfobia, dados estatísticos e citações de matérias jornalísticas, um grupo protestou hoje (4) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro após um casal de lésbicas ter sido vítima de preconceito e intimidação na última sexta-feira (30) no local.

O ato, chamado de Lesbianizar o CCBB, foi organizado no Facebook pelo Grupo de Estudos Cênicos da Uerj, que definiu o protesto como um “evento-coletivo-manada inclusivo” para “ocuparmos o hall do CCBB com nossos corpos, porque foi exatamente assim que surgiu o caso de lesbofobia, apenas com a presença das duas pessoas no espaço”. Nenhum representante do grupo se manifestou durante o ato.
Sócias de uma empresa de fotografia especializada em famílias e casamentos fora do padrão, Renata Ferrer e Tata Barreto participaram do protesto, mas sentiram falta de mais clareza por parte da organização. Segundo Renata, o ativismo exige “colocar a cara a tapa”.

“A gente só vai mudar as coisas quando a gente mostrar a cara, dizer 'a gente está aqui e a gente existe e você vai ter que aceitar.' Enquanto aceitar que os outros coloquem a gente dentro do armário, esse armário vai existir. A gente tem que estourar esse armário, não são os outros, não são os héteros que vão bater na porta e falar 'oi, sai daí'. Somos nós que temos que falar que não vamos viver mais lá dentro e não vamos aceitar.”

Para Tata, a militância contra a homofobia precisa se unir e sair das redes socais. “As pessoas estão meio espalhadas, não estão muito unidas, eu sinto falta de coesão, sinto falta de alguém chegar aqui e falar 'eu sou da organização do evento, vamos nos encontrar em tal lugar'. Está um pouco disperso, mas está valendo, foi uma supermobilização.”

Na falta de um discurso da organização, a ativista Marília Macedo subiu numa pequena jardineira e falou sobre a violência que as pessoas LGBT sofrem cotidianamente. “Não vamos tolerar qualquer tipo de discriminação por conta da orientação sexual ou identidade de gênero, seja verbal ou violenta. Não interessa se foi violência psicológica ou física. A gente vive uma situação muito grave no Brasil hoje, os LGBTs vivem uma vida muito dura, recebemos salários muito ruins, somos os primeiros a serem demitidos, ainda mais agora com a crise econômica. A gente enfrenta violência da polícia, violência da família, porque muitos somos expulsos de casa. E num espaço público como esse, que a gente pode frequentar, não podemos tolerar esse tipo de violência.”

CCBB
Os balões foram uma iniciativa do próprio CCBB, como forma de acolher o ato contra a lesbofobia e repudiar o ocorrido na sexta-feira. O gerente-geral da instituição, Fábio Cunha, destacou que o CCBB tomou as providências assim que soube do caso.

“Na segunda-feira a gente esclareceu o caso, no primeiro dia útil, em 12 horas de trabalho, a gente apurou com as pessoas envolvidas, com quem estava no local, com câmeras, imagens de segurança, e encaminhou para a delegacia para que fosses apuradas as responsabilidades e punidos os responsáveis. Foi feito um registro de ocorrência, denunciado como caso de discriminação, está claro isso pela imagem que o agressor deixou no painel interativo, foi um visitante.”

Segundo Cunha, o CCBB é “terminantemente contra qualquer ato de discriminação” e o episódio fará a instituição reforçar o treinamento de funcionários em relação ao acolhimento de visitantes.

A costureira aposentada Iony Costa Gouveia foi ao CCBB ver uma exposição e se surpreendeu com o ato. “Fui pega de surpresa, mas com os cartazes eu entendi que era contra a homofobia. Achei legal, porque as pessoas têm direitos iguais, igual eu, que sou cadeirante, também sofro preconceito. Hoje mesmo fui pegar um ônibus e passaram quatro sem parar. É muita maldade, cada um tem que viver do jeito que quer ser e os outros têm que aceitar.”


Agência Brasil

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Percentual de jovens negros no ensino médio dobra em 13 anos


Mais da metade dos brasileiros de 15 a 17 anos que se autodeclaram pretos ou pardos estavam no ensino médio (51%) em 2014, segundo levantamento feito pelo Instituto Unibanco com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada na semana passada. Em 2001, esse percentual era de 25%. No mesmo período, a proporção de jovens brancos no ensino médio cresceu 14 pontos percentuais – chegando a 65%.

Em 2001, mais da metade (53%) dos alunos negros de 15 a 17 anos ainda estava estudando na primeira etapa da educação básica, ou seja, estavam atrasados em relação ao que era esperado para a sua faixa etária. Na última Pnad, o percentual caiu 21 pontos e hoje a proporção de jovens negros ainda atrasados no fundamental é de um terço (32%) - entre os brancos, esse percentual é de 22%.

No total da população de 15 a 17 anos sem estudar, 19% já completaram o ensino médio. Na população branca, esse percentual é de 28%, superior ao verificado entre os negros (15%).

Ainda de acordo com o levantamento, 57% dos negros que estão fora da escola não completaram o ensino fundamental. Entre os brancos, o percentual de jovens de 15 a 17 anos fora da escola é de 43%.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Transexuais reclamam de preconceito durante prova do Enem

A citação da célebre frase da filósofa Simone de Beauvoir “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, escrita em uma das perguntas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), contrastou com o tratamento recebido por alguns transexuais que fizeram a prova neste sábado (24), no Rio de Janeiro.

Estudantes do cursinho Prepara, NEM!, tiveram o nome social (que corresponde à identidade de gênero) deixado de lado, foram obrigadas a usar banheiro de deficientes e contam que se sentiram humilhadas.

Lara Lincon Milanez Ricardo é uma das 278 transexuais e travestis que solicitaram o uso do nome social no Enem – número três vezes maior que em 2014. No Rio de Janeiro, foram 33 solicitações de atendimento pelo nome social, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação das provas. 

Em Duque de Caxias, no Centro Integrado de Educação Profissional 320, onde fez a prova, ela conta que os fiscais não sabiam orientar sobre a assinatura na lista de presença, se devia ser como na identidade ou não e a deixaram constrangida.

“A coordenadora e a fiscal começaram a falar abertamente, na frente de todo mundo, 'ele mudou de nome, agora se chama Lara' e ficaram se referindo a mim no gênero masculino”, reclamou.

A situação se agravou, segundo ela, quando uma das fiscais pediu para que Lara corrigisse a assinatura: “Ela disse 'ah, meu filho, você não pode assinar nome fictício aqui'. Reparei em volta todo mundo olhando para minha cara. Fiquei apavorada”, desabafou.

Quem também deixou a prova relatando discriminação foi Tyfany Stacy. Ela disse que foi humilhada por fiscais e encaminhada para o banheiro de deficientes e não para o feminino, na Universidade Estácio de Sá, campi Norte Shopping, na zona norte do Rio.

“Tenho cabelo na cintura, prótese de 400 mililítros nos seios, 113 centímetros de bumbum e nenhum pelo no rosto. Vou ter que aumentar minha silhueta para ser reconhecida como [mulher] trans? Perguntei para a coordenadora se eu tenho alguma deficiência”, relatou.

Ela disse, ainda, que conseguiu manter a concentração, mas quer evitar a situação no segundo dia de Enem.

“Amanhã [domingo] estarei aqui de novo, vou passar pelos mesmos problemas, frequentar banheiro de deficiente, ser tratado como 'ele' e ainda ouvir chacotas?”, questionou.

Já Bárbara Aires, que prestou o Enem na Estácio da Lapa, no centro da cidade, teve uma experiência diferente das colegas de cursinho.

Não passou por nenhum constrangimento, foi chamada corretamente pelo nome social, pôde usar o banheiro feminino e elogiou os fiscais.

No entanto, disse que circulou pela sala uma lista de presença com seus dois nomes, o que não era necessário, avaliou.

“Como eles têm o número de inscrição é de se imaginar que esse número faça referência à minha inscrição com o nome do registro civil e o nome social. Ou seja, com o número, não precisaria vir o meu nome da carteira de identidade na lista para todo mundo ver”, explicou.

O Inep disse, por meio de nota, que as ocorrências serão analisadas. "Todas as ocorrências são relatadas em ata pelo coordenador do local de provas. Posteriormente, todas as atas são encaminhadas para análise do Inep caso a caso", diz a nota. De acordo com o instituto, a forma de inscrição de transexuais e travestis foi acordada com os movimentos sociais, publicada no edital do Enem 2015 e divulgada pelos meios de comunicação.

sábado, 10 de março de 2012

Preconceito, o mal que vive dentro do ser humano


O Homo sapiens destaca-se como a única espécie consciente de sua finitude, ciente de que um dia enfrentará a morte. Curiosamente, essa percepção não nos deteve diante dos desafios naturais que surgiram ao longo de nossa trajetória evolutiva. Em vez de simplesmente "curtir a vida" como muitos animais o fazem, questionando a lógica de buscar realizações ou aprimoramento quando a morte é inevitável, os seres humanos optaram por forjar uma narrativa de imortalidade e empreenderam uma jornada rumo à conquista do planeta.

Num estágio evolutivo considerável, apesar do breve período de nossa existência, a humanidade direciona sua atenção para o firmamento, ansiosa por desvendar os mistérios cósmicos e compreender as leis que governam os movimentos mais íntimos das estrelas. Acreditamos que somente ao desbravar esses segredos celestiais poderemos lançar-nos ao desconhecido, conquistar novas fronteiras e satisfazer nossa insaciável sede de conhecimento e curiosidade infinita.

Apesar de nossa evolução como espécie, comparativamente aos outros habitantes do planeta, o ser humano carrega consigo, no âmago de sua alma, um antigo flagelo que assolou nossa existência nos árduos anos de obscurantismo intelectual e ignorância que antecederam nosso estágio atual de evolução. Este flagelo é feroz, emergindo quando menos esperamos. Mesmo diante de pensamentos elevados e realizações notáveis, ele espreita nas profundezas de nossas almas e mentes. Ao menor indício de fragilidade, suas garras afiadas trespassam a carne e o espírito de nossos semelhantes, relegando-nos a um estado primitivo e animal do qual nos envergonhamos profundamente. Esse flagelo sagaz, voraz e implacável é o preconceito.

Cada um de nós carrega consigo algum grau de preconceito, que pode variar desde os mais repugnantes, como o preconceito racial (lembrando que raça é uma construção, não uma realidade biológica), de gênero, religião ou nacionalidade, até preconceitos menos impactantes, como aversões a certos alimentos, estilos de roupa, entre outros.

O preconceito está intrinsecamente entrelaçado com a condição humana, tão essencial quanto o ar que respiramos e as partículas cósmicas. Ele revela, essencialmente, duas facetas: a ignorância e o medo. Afinal, o desconhecido é a raiz de todos os nossos temores, e o preconceito é, de fato, seu descendente mais íntimo. É como um demônio interior que sussurra: "Se algo é desconhecido ou não compreendido, deve ser maligno; escape ou enfrente".

Contudo, se o preconceito surge do nosso receio do desconhecido, como podemos acalmar esse monstro interior e mantê-lo sob controle? Com o poder do conhecimento.

A luz da informação é capaz de dissipar as sombras mais profundas da ignorância, transformando o preconceito em algo vergonhoso e frágil. Quer um exemplo prático?

Em um passado distante, a Igreja proclamou que os negros eram descendentes de Caim e que sua cor de pele era uma "marca" imposta por Deus ao assassino do irmão. Essa crença estigmatizou os negros, negando-lhes alma e humanidade, assim como foi dito sobre os povos indígenas. A ignorância e a escuridão alimentaram um dos preconceitos mais cruéis.

Contudo, a luz da ciência desfez essas crenças, tornando o preconceito racial repulsivo e característico dos desinformados e insensatos. Ao evidenciar que não existem raças humanas distintas, apenas uma única raça humana, e ao demonstrar que todos compartilhamos uma ancestralidade africana comum, a ciência desmantelou as bases desse preconceito terrível, provando que, nesse aspecto, todos somos iguais.

O ser humano pode um dia explorar o espaço e maravilhar-se com as estrelas distantes em toda a sua grandiosidade. No entanto, para que isso se torne uma realidade, é imperativo que ele domine o mal que reside dentro de si. Eliminar para sempre e relegar ao mais profundo e inacessível canto de sua mente e espírito esse demônio impiedoso e nocivo que representa o pior em nós.

Pense nisso.

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook