Agência
France-Presse
A polícia de
Berlim ainda não tem certeza de que o único detido pelo atentado de
segunda-feira (19) contra uma feira de Natal, um requerente de asilo
paquistanês, seja realmente o autor do ataque. As informações foram divulgadas
hoje (20) pela Agência France-Presse (AFP).
"Na
verdade, não é certo que se trate do motorista", disse o chefe da polícia,
Klaus Kandt, sugerindo que o verdadeiro responsável poderia estar foragido.
"O suspeito nega os fato", tuitou paralelamente a polícia, pedindo
que a população permaneça vigilante.
A tragédia,
que a chanceler alemã Angela Merkel classificou de "atentado
terrorista" e que fez 12 mortos e 48 feridos, traumatizando o país e
aumentando a polêmica sobre sua política de imigração, lembra, pelas
circunstâncias, o ataque com um caminhão no dia 14 de julho na cidade costeira
francesa de Nice. Na ocasião, 86 pessoas foram mortas.
O suspeito
é, a priori (à primeira vista), paquistanês. Ele chegou à Alemanha,
em Saint Sylvestre, em 31 de dezembro de 2015, e foi registrado antes de ir
para Berlim em fevereiro", havia afirmado durante a tarde o ministro
alemão do Interior, Thomas de Maizière.
"Ele
nega o crime. A investigação continua", disse o ministro, ao lembrar que o
ataque ainda não foi reivindicado. No entanto, uma fonte da polícia de Berlim
assegurou ao jornal Die Welt: "Temos o homem errado". "O
verdadeiro autor do ataque ainda está foragido e armado e pode causar mais
danos", acrescentou a fonte.
Segundo a
polícia, uma testemunha do atentado teria ajudado na prisão do suspeito
paquistanês perto de um parque. O homem teria corrido cerca de 2 quilômetros
atrás do suposto autor do ataque, mantendo deste uma distância segura. Durante
a perseguição, ele manteve contato por telefone com a polícia, indicando a
localização do suspeito até a avenida que leva ao Portão de Brandeburgo.
Enquanto a
investigação foi confiada à Procuradoria de Combate ao Terrorismo, a polícia
fez buscas nesta terça-feira em um dos principais centros de refugiados de
Berlim, no antigo aeroporto de Tempelhof, informaram vários meios de
comunicação alemães.
Angela Merkel
Antes de
surgirem as dúvidas da polícia, a chanceler Angela Merkel afirmou que, para os
alemães, "será particularmente difícil suportar se for confirmado que esse
ato foi cometido por uma pessoa que pediu proteção e asilo na Alemanha".
Logo após o
ataque, a chanceler recebeu uma enxurrada de críticas sobre sua política de
imigração generosa.
"Estes
são os mortos de Merkel", denunciou em sua conta no Twitter um dos líderes
do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AFD), Marcus
Pretzell. "A Alemanha não é mais segura" face "ao terrorismo do
Islã radical", acrescentou outro membro da AFD, Frauke Petry, questionando
a decisão da chanceler de abrir as portas do país em 2015 para quase 900 mil
refugiados que fugiam de conflitos e da pobreza, originários principalmente do
mundo muçulmano. Aproximadamente 300 mil chegaram ao país neste ano.
A tragédia
ocorreu perto da Igreja Memorial, monumento da capital alemã cujo campanário
foi destruído pelos bombardeios na segunda guerra mundial. O caminhão foi
retirado do local na manhã desta terça-feira.
"Eu só
vi este enorme caminhão preto que cruzou o mercado e atropelou muitas pessoas.
Então, todas as luzes se apagaram e tudo estava destruído", relatou uma
turista australiana, Trisha O'Neill. "Havia sangue e corpos por toda
parte", incluindo de crianças e idosos, acrescentou.
"Nós
vimos pessoas sendo transportadas em ambulâncias, uma e outra vez, e parecia
não ter fim", declarou outra turista, Sabrina Glinz, ao canal britânico
Sky News.
O balanço
preliminar do drama era de pelo menos 12 mortos e 48 pessoas hospitalizadas,
algumas em estado crítico. Nenhuma indicação foi dada sobre a identidade das
vítimas. Um deles, encontrado na cabine do caminhão, foi "morto com um
tiro", e poderia ser o verdadeiro motorista do caminhão que teria sido
roubado pelo atacante, informou um porta-voz do Ministério regional do
Interior.
Reações
As reações de solidariedade se multiplicaram, da França aos Estados Unidos,
enquanto a Europa tem sido alvo frequente de ataques reivindicados por grupos
extremistas islâmicos.
O presidente russo, Vladimir Putin, se disse "chocado" com a
"brutalidade e o cinismo" do ataque.
O uso de
veículos, especialmente caminhões, para atropelar multidões de
"infiéis" e fazer o máximo possível de vítimas é uma tática defendida
pelos grupos extremistas.
A Alemanha havia sido até agora poupada de ataques de grande magnitude, mas
vários incidentes foram recentemente cometidos por indivíduos isolados.
O Estado
Islâmico reivindicou dois ataques em julho, que deixaram vários feridos, um com
bomba e outro com uma faca, cometidos por um sírio de 27 anos e por um
requerente de asilo de 17 anos, provavelmente afegão.