terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Reforma da Previdência pode prejudicar trabalhador informal, diz Dieese

Agência Brasil
O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, disse hoje (21) acreditar que as mudanças na Previdência poderão prejudicar quem trabalha na informalidade.

Segundo Lúcio, parte da população brasileira vive em um hiato de desproteção trabalhista e previdenciária. 

Em sabatina na CCJ do Senado, Moraes defende mudanças no ECA


Agência Brasil
Em sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, voltou a defender hoje (21) mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para permitir punições mais severas a adolescentes que praticarem atos infracionais equivalentes a crimes hediondos, como homicídio, latrocínio e estupro.

Moraes diz que vai atuar com isenção, nega plágio e ter sido advogado do PCC


Agência Brasil
Ao responder às primeiras perguntas de parlamentares na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Alexandre de Moraes, indicado para a vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal (STF), negou que já tenha sido advogado da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e que tenha plagiado a obra de um jurista espanhol. Segundo Moraes, tais informações são calúnias e injúrias.

Moraes defende regulamentação do poder de investigação do Ministério Público


O ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu hoje (21), em sabatina na Comissão de Comissão e Justiça (CCJ) do Senado, a necessidade de regulamentação, pelo Congresso Nacional, do poder de investigação do Ministério Público.

Moraes, que foi indicado pelo presidente Michel Temer para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF),disse que, embora a Corte já tenha tratado do tema, ainda há necessidade de regulamentação do Inciso I do Artigo 129 da Constituição.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Devedores da Previdência respondem por quase três vezes o déficit do setor

Os devedores da Previdência Social acumulam uma dívida de R$ 426,07 bilhões, quase três vezes o atual déficit do setor, que foi cerca de R$ 149,7 bilhões no ano passado. Na lista, que teom mais de 500 nomes, aparecem empresas públicas, privadas, fundações, governos estaduais e prefeituras que devem ao Regime Geral da Previdência Social. O levantamento foi feito pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, responsável pela cobrança dessas dívidas.

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De acordo com o coordenador-geral da Dívida Ativa da União, Cristiano Lins de Moraes, algumas dessas dívidas começaram na década de 60. “Tem débitos de devedores de vários tipos, desde um pequeno a um grande devedor, e entre eles há muita variação de capacidade econômica e financeira. Também há algumas situações de fraude, crimes de sonegação e esquemas fraudulentos sofisticados. Às vezes, um devedor que aparenta não ter movimentação financeira esconde uma organização que tem poder econômico por trás dele”, afirma o procurador da Fazenda Nacional.

A antiga companhia aérea Varig, que faliu em 2006, lidera a lista com R$ 3,713 bilhões. O levantamento inclui outras instituições que também decretaram falência: Vasp, que encerrou as atividades em 2005 e teve a falência decretada em 2008, com dívida de R$ 1,683 bilhão; o antigo Banco do Ceará (Bancesa), com uma dívida de R$ 1,418 bilhão; e a TV Manchete, que tem débitos no valor de mais de R$ 336 milhões.

Grandes empresas também constam entre os devedores da Previdência, como a mineradora Vale (R$ 275 milhões) e a JBS, da Friboi, com R$ 1,8 bilhão, a segunda maior da lista.

A lista inclui ainda bancos públicos e privados, como a Caixa Econômica Federal (R$ 549 milhões), o Bradesco (R$ 465 milhões), o Banco do Brasil (R$ 208 milhões) e o Itaú Unibanco (R$ 88 milhões).

A Procuradoria-geral da Fazenda Nacional tenta recuperar parte do dinheiro por meio de ações na Justiça. No ano passado, foram recuperados aproximadamente R$ 4,150 bilhões, cerca de 1% do total devido. O valo recuperado foi 11% superior ao de 2015.

Cristiano de Moraes diz que a Procuradoria-Geral da Fazenda nacional tem desenvolvido projetos para agilizar o pagamento das dívidas, mas programas de parcelamento de dívidas de estados e prefeituras atrasam com frequência o pagamento dos débitos.

O defícit da Previdência Social é um dos argumentos do governo para fazer a reforma do setor, que está em análise na Câmara dos Deputados.

Já a Associação Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal e centrais sindicais propõem mudanças na forma de arrecadação e cobrança de débitos previdenciários. “É preciso fazer primeiro ajustes no lado das fontes de financiamento. Ou seja, cobrar essa dívida que é dinheiro sagrado de aposentados e pensionistas e foi ao longo do tempo acumulada, gerando quase de R$ 500 bilhões de débitos inscritos, fora o que está na fase administrativa. O índice de recuperação é pequeno e lento, temos que criar métodos mais ágeis de recuperação desses recursos”, disse Moraes.

Respostas
A Caixa Econômica Federal informou, por meio da assessoria, que paga corretamente e sem atraso todas as contribuições previdenciárias, mas questiona cobranças geradas por processos judiciais movidos por empregados.

Em nota, a JBS diz que já se propôs a pagar as dívidas com créditos que acumula na Receita Federal, mas ressalta que a ineficiência no sistema de cobrança impede que a troca ocorra, o que tem gerado multa, também contestada pela empresa. “A JBS não pode ser penalizada pela demora da Receita Federal em ressarcir seus créditos, mesmo porque se, de um lado, o Fisco não reconhece a correção dos créditos da companhia, de outro, tenta exigir os débitos tardiamente, corrigidos e com multa."

A mineradora Vale, também em nota, diz que, como a maioria das empresas e dos governos municipais e estaduais, tem discussões judiciais sobre temas previdenciários. "Todas as discussões possuem garantia judicial, o que nos permite a obtenção e manutenção do atestado de "Regularidade Fiscal" até o final dos processos (trânsito em julgado). Entendemos que há chances de êxito em todas as nossas discussões."

O Bradesco informou, em nota, que “não comenta questões sob análise administrativa ou judicial dos órgãos responsáveis”.

O Banco do Brasil informou, também por nota, que a dívida é referente a "um processo de tomada de contas especiais promovida pelo TCU, o Tribunal de Contas da União, em 1992, que entendeu serem indevidos os valores auferidos pela rede bancária nos meses de novembro e dezembro de 1991”. O banco recorreu da decisão do TCU na Justiça Federal.


O Itaú não se manifestou até a publicação do texto. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Varig, Vasp, Bancesa e TV Manchete.  

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Pesquisa mostra Bolsonaro bem atrás de Lula e à frente de Aécio


BRASÍLIA - A reprovação ao governo do presidente Michel Temer aumentou sete pontos percentuais de outubro para cá, segundo pesquisa realizada pelo instituto MDA por encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

No total dos entrevistados, 44% avaliam de forma negativa a administração do peemedebista (eram 37% em outubro), 39% os que consideram regular (eram 36%) e 10% os que avaliam como positivo (contra 15% no levantamento anterior).

A rejeição ao presidente subiu de 51,5% em outubro para 62% na . Nos cenários para 2018, divulgados nesta quarta-feira, o destaque é a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em todas as simulações, inclusive de segundo turno.

O índice de reprovação a Temer vem crescendo desde sua posse. Em junho, eram 40% os que reprovavam o presidente, depois subiu para 51% e agora chega a 62%.
A aprovação caiu de 34% em junho para 32% em outubro e para 24% na pesquisa deste mês.

Eleições 2018
As intenções de voto espontânea em Lula subiram de 11,4% para 16,6%. Jair Bolsonaro (PSC) subiu de 3,3% para 6,6% e aparece em segundo. Todos os demais nomes mencionados tiveram queda em seu percentual.

Aparecem em sequência Aécio Neves (PSDB), com 2,2%; Marina Silva (Rede), com 1,8%; Michel Temer (PMDB), com 1,1%; Dilma Rousseff (PT), com 0,9%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 0,7%; e Ciro Gomes (PDT), com 0,4%.

Lula lidera em todos os três cenários propostos para o primeiro turno com percentuais de 30,5% a 32,8%.

Marina Silva e Jair Bolsonaro aparecem nos três cenários, enquanto Aécio Neves e Geraldo Alckmin são apontados como candidatos do PSDB.

Marina, Bolsonaro, Aécio e Alckmin aparecem empatados tecnicamente, pela margem de erro, em todos os cenários. Marina varia entre 11,8% a 13,9%. Bolsonaro vai de 11,3% a 12%. Aécio varia de 10,1% a 12,1%. Alckmin tem 9,1% no cenário em que seu nome foi apresentado.

Foram realizadas seis simulações de segundo turno. Lula passou a liderar nos três cenários em que é testado.

Em outubro, ele vencia apenas em uma simulação contra Michel Temer. No levantamento atual, Lula venceria Aécio por 39,7% a 27,5%, bateria Marina por 38,9% a 27,4% e derrotaria Temer por 42,9% a 19%.

Nos demais cenários, Aécio venceria Temer por 34,1% a 13,1% e estaria em empate técnico com Marina, com 28,6% contra 28,3% da ex-senadora.

Marina, por sua vez, venceria Temer por 34,4% a 16,8%. O nome de Bolsonaro não foi testado em nenhum cenário para o segundo turno.

Com informações Extra

Xadrez de Paulo Hartung, o projeto piloto de Temer

Por Luis Nassif na Agencia Congresso

Peça 1 – o fator Espírito Santo

Trava-se no Espírito Santo a primeira grande batalha de desmonte do estado brasileiro. O governador Paulo Hartung é o candidato ao teste piloto.

A crise fiscal do Estado não é de sua responsabilidade, mas da política econômica que começou com o pacote Joaquim Levy e foi agravada pelo boicote pré-impeachment e pela política econômica de Michel Temer, uma política suicida que não tem como objetivo a superação da crise, mas o uso da crise para o desmonte do Estado.

Posto ante o dilema da crise fiscal, a fórmula Hartung segue apenas o mainstream do Congresso, mídia e governo Temer.

Foi incensado como exemplo do governante responsável poucos dias antes de consumado o desastre. Sua estratégia consistiu em:
·      Precarização dos serviços públicos e dos direitos sociais;
·      políticas de incentivos à atração de empresas sem avaliação custo-benefício.
·      nenhum diálogo com os setores afetados e despreocupação em amenizar os efeitos dos desmanches.

Hartung tornou-se um projeto piloto, um Michel Temer de laboratório. Se for derrotado pela PM o movimento se alastrará por todo o país.

A rebelião da Polícia Militar é apenas o ensaio perigoso -- porque em uma corporação armada – das reações do funcionalismo público.

Por outro lado, é um governante autoritário, pouco propenso ao diálogo e com um histórico de truculência que chegou ao ponto de, na primeira gestão, adquirir um equipamento Guardião para grampear telefones de um jornal local, buscando identificar informações delicadas contra ele.

Por isso, a saída previsível é a do confronto total, tentar impor uma rendição incondicional à PM, uma irresponsabilidade mesmo em caso de vitória: será deixar a segurança do estado a mercê de uma corporação humilhada e exposta a contatos com organizações criminosas.

O usual seria a Presidência decretar intervenção federal. Mas Temer evitará devido ao artigo 60 da Constituição Federal
Art. 60. (...)
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

Ou seja, intervindo no Espírito Santo, teriam que ser interrompidas todas as votações de emendas constitucionais.

Criou-se, então, uma gambiarra, com as Forças Armadas assumindo provisoriamente a segurança do Estado sabe-se lá até quando, um quadro complexo que as joga no epicentro político do país.

Por outro lado, Hartung monta um jogo de cena com uma proposta fake de acordo, cuja intenção foi rapidamente captada pela PM: dividir a corporação, fazê-la voltar às ruas, mas mantendo a denúncia contra 700 PMs e, depois de vencida a etapa, inquéritos contra os revoltosos. Ou seja, criminalização de qualquer reação contra o desmanche.

Peça 2 – o padrão de gestão Hartung-Temer

Não se cometa a injustiça de comparar o nível de Paulo Hartung com o de Temer. Este representa o pensamento do baixo clero, uma espécie de chefe do bas-fond.

Já Hartung pertence a uma geração que, nos anos 90, representou um avanço relativo na gestão pública, com a compreensão da importância da criação do ambiente econômico para a atração de empresas e a adoção de algumas ferramentas novas para a gestão pública.

Mas não avançou além disso.

Aliás, esta é uma das facetas da maldição do subdesenvolvimento. O sujeito consegue um upgrade mínimo sobre o momento anterior, e estratifica, apega-se a slogans, a simplificações ideológicas, a desenhos de país estático a manuais de empresas privadas, trocando o trabalho político pelo padrão sargentão de repartição.

Hartung não conseguiu compreender as diferenças entre gestor público e privado, nem soube utilizar adequadamente as ferramentas de análise de investimentos para o objetivo final da gestão pública: a melhoria das condições de vida e de elevação do IDH do estado.

Enquanto arrochava o salário dos servidores, montou uma agressiva política de subsídios visando atrair empresas para o Estado, mas com base em análises frágeis da relação custo-benefício.

Para um gestor público responsável, o princípio básico a nortear uma política de subsídios responsável deveria ser:

1.     Se a empresa não se instalar no Estado, não haverá tributos a serem recolhidos. Por isso mesmo, é indevido o exercício de considerar como perda o tributo que deixou de ser pago na fase de incentivo.
2.     No entanto, há que se efetuar um levantamento minucioso das externalidades positivas e negativas. Dentre as negativas, há os serviços de infraestrutura bancados pelo Estado e os gastos públicos decorrentes da operação da empresa. Por exemplo, exigências de investimento em infraestrutura, saneamento visando o tratamento do lixo industrial, gastos para minimizar impactos ambientais, os impactos na segurança etc. Dentre as positivas, a geração de empregos e a criação de uma cadeia de fornecedores.

Tudo isso tem que ser previsto no papel, devidamente pesado, as despesas, as contrapartidas até que o fluxo de tributos seja recomposto e o Estado comece a receber.

Hartung passou ao largo dessas análises.
No Portal de Transparência do Estado, escondeu os dados que permitiriam uma análise mais apurada dos subsídios concedidos. Não se trata de uma esbórnia, tipo Sérgio Cabral, mas de uma falta de visão sistêmica e de responsabilidade como gestor público, como se a única função do governante fosse criar condições para novos investimentos, independentemente dos custos que recaem sobre o Estado. Se isso for exemplo de sucesso de gestão, Deus que salve o país dos supostos bons gestores.

Peça 3 – os simulacros de CEOs

O estilo Paulo Hartung não se resume a isso.

Ao longo de sua vida política, notabilizou-se pelo padrão de déspota esclarecido, cujo guru maior foi José Serra que, em cargos relevantes – prefeito e governador de São Paulo – jamais logrou uma política criativa sequer.

Vendia-se a ideia de que qualquer benefício ao contribuinte ou a grupos sociais vulneráveis era sinal de fraqueza.

E que os governantes seriam dotados da sabedoria divina, linha direta com Deus, não precisando de conselhos.

Grande governante era o que se dedicasse exclusivamente a impor sacrifícios à população, transformando a responsabilidade fiscal em valor absoluto, um anacronismo resultante da visão incorreta do papel do gestor público.

Mais que isso, as políticas sociais se resumem a obras de pequeno alcance, visando apenas o impacto midiático – não nos indicadores gerais. São projetos pilotos permanentes, pela falta de compromisso com a universalização dos avanços.

Foi assim com o projeto de escola integral, modelo de alcance restrito, enquanto a maioria das escolas é submetida ao esgarçamento orçamentário.

A blindagem a Hartung é tão forte nas Organizações Globo – com exceção do grupo Gazeta, que a representa no Espírito Santo – que, na ânsia de sacralizar Hartung, cometem-se paradoxos explícitos.

Por exemplo, atribui-se a ele a grande vitória contra o crime organizado no Espírito Santo. No entanto, para desqualificar a greve da PM, começam a ser atribuídos a supostos esquadrões da morte, grupos de PMs acumpliciados com o crime organizado, parte significativa da matança registrada nesses dias de greve.

Posto assim, o crime organizado continua mais ativo do que nunca e incrustrado no aparelho policial. O que teria ocorrido seria apenas um pacto de não-agressão, tipo o que o PCC fechou com o governo de São Paulo.

Peça 4 – o tsunami a caminho

A Globo é um brontossauro, com muito músculo e pouco cérebro. Seu papel de principal agente político do país esbarra na absoluta incapacidade de avaliar a gravidade da situação, como se ela própria acreditasse no mundo virtual criado por seus telejornais e pela parcialidade gritante da Globonews.

Longe do mundo ideal criado pela Rede Globo, a situação do Espírito Santo é a seguinte, segundo a visão de A Gazeta:

“(...)  Turbinado pela propaganda do governo, o nosso humilde Estado vinha sendo cantado em prosa e verso, como espécie de paraíso de prosperidade, responsabilidade fiscal, ordem social e qualidade na prestação dos serviços públicos. Bem, o castelo desmoronou, a ilusão se desfez, e essa crise sem precedentes na segurança pública estadual desvelou, de uma maneira brutal, o que esse discurso propagandeado aos quatro cantos tinha de fantasioso e artificial. A realidade é bem mais dura.

(...)  Alguns desses óbvios problemas foram descortinados da pior e mais traumática forma por essa onda de violência:

·      Uma insatisfação latente do funcionalismo público estadual, que se sente sacrificado pelo arrocho fiscal implementado (panela de pressão que estava a ponto de explodir a qualquer momento);
·       A fragilidade e a suscetibilidade de instituições fundamentais à ordem pública, como a PMES; o sucateamento e a precarização de serviços públicos essenciais (hoje o grito foi dos servidores da Segurança, amanhã poderá ser os da Saúde e os da Educação, se não se prestar atenção);
·      A dificuldade, a letargia e a demora da equipe de governo em reagir a uma crise de tal gravidade, que pôs a população de joelhos e entregue a um estado de calamidade pública;
·      (...) A vulnerabilidade, enfim, desse pacto social tão frágil sobre o qual se sustenta a nossa vida cotidiana, em qualquer parte do mundo.

A cegueira da chamada elite brasileira é inédita entre países com a dimensão do Brasil. Posturas críticas racionais, como a da Gazeta, inexistem nos órgãos da chamada grande imprensa do eixo Rio-SãoPaulo, principal avalizadora desse suicídio soberano cometido pela política econômica.

Há um claro desmonte social, uma acelerada perda de legitimidade e de autoridade nos mais diversos escalões da sociedade. A persistência dessa política restritiva, mais os efeitos da PEC 55, agravarão ainda mais a crise.

A falta de limites da camarilha de Temer, a maneira como está atuando no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso acelerarão ainda mais a desagregação social e política.

O fundo do poço ainda está distante. E a cada dia fica mais nítido que a gambiarra Temer não terá condições de resistir ao tsunami.
Tratem de aprimorar o golpe!

*Luis Nassif é jornalista

Mais de 1,1 mil PMs do ES responderão a inquéritos

A Polícia Militar (PM) do Espírito Santo informou que foram publicados, nesta sexta-feira (17), os atos relacionados a 1.151 agentes que responderão a inquéritos policiais militares por crimes de revolta ou motim. 

A corporação tem um efetivo de 10 mil homens no estado.

Também foi publicada no boletim geral da PM a lista de militares que podem ser demitidos após o processo. Os procedimentos têm prazo inicial de 30 dias para serem concluídos.

Ao todo, 124 PMs responderão a processos disciplinares de rito ordinário (para os que têm menos de dez anos na corporação) e 27 serão submetidos ao Conselho de Disciplina (por terem mais de dez anos na PM).

A crise na segurança pública no Espírito Santo começou quando parentes de policiais militares, principalmente mulheres, se reuniram em frente à 6ª Companhia, no município da Serra, na Grande Vitória, e bloquearam a saída de viaturas, no último dia 3.

Os protestos se estenderam para outros batalhões e terminaram atingindo todos os quartéis do estado. Eles reivindicam reajuste salarial e pagamento de benefícios.

Após tentativas de acordo frustradas com o governo, as mulheres dos PMs continuam acampadas em frente aos batalhões.

Com informações da Agência Brasil

STF abre caminho para retomada de projeto de medidas contra a corrupção


André Richter
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux decidiu hoje (17) arquivar o processo que suspendeu a tramitação do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados (PL) 4.850/16, que trata das Dez Medidas de Combate à Corrupção, proposta de iniciativa popular apoiada pelo Ministério Público Federal (MPF).

A decisão foi tomada após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, informar ao ministro que a Casa vai checar a veracidade das 2 milhões de assinaturas de cidadãos que apoiaram a medida.

No despacho, Luiz Fux decidiu extinguir o processo. A partir de agora, a Câmara poderá fazer as modificações que bem entender no projeto e o texto voltará a tramitar na Casa.

Em dezembro, o Fux suspendeu a tramitação da matéria, anulando todas as fases percorridas pelo projeto, inclusive as diversas alterações às medidas propostas inicialmente pelo Ministério Público, como a inclusão dos crimes de responsabilidade para punir juízes e membros do Ministério Público. A votação na Câmara ocorreu na madrugada do dia 30 de novembro.


Agência Brasil

Mark Zuckerberg publica manifesto e defende 'comunidade global'


O presidente executivo (CEO) e cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg, escreveu um longo texto em seu perfil direcionado aos usuários da rede social para mostrar sua visão de mundo e defender a globalização e a ideia de uma "comunidade global" sustentada pelo Facebook. As informações são da agência de notícias italiana Ansa.

O texto foi publicado em um momento em que tanto Zuckerberg quanto o Facebook têm sido alvo de críticas e acusações de censura, discurso de ódio e de alegadas inconsistências na aplicação de políticas de conteúdo. Além disso, a rede é acusada de influenciar nos resultados das eleições norte-americanas, vencidas por Donald Trump, por conta da propagação de notícias falsas (fake news).
"Nossas maiores oportunidades são globais – como espalhar a prosperidade e a liberdade, promover a paz e a compreensão, tirar as pessoas da pobreza e acelerar a ciência. Nossos grandes desafios também exigem respostas globais – como acabar com o terrorismo, lutar contra as mudanças climáticas e prevenir pandemias. O progresso agora exige que a humanidade se una, não como cidades ou nações, mas como uma comunidade global", escreveu Zuckerberg.

No texto, ele propõe uma série de medidas para construção dessa "comunidade global", tidas como os "cinco mandamentos" que consistem em comunidades solidárias, comunidades seguras, comunidades informadas, comunidades civicamente engajadas e comunidades inclusivas.

"A precisão de informação é muito importante. Nós sabemos que existe desinformação, e até conteúdos descaradamente falsos, no Facebook, e levamos isso muito a sério. Fizemos progresso ao combater farsas da forma que combatemos spam,[e-mails não solicitados], mas temos mais trabalho", afirmou.


Da Agência Ansa

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

'Um Dia sem Imigrantes' paralisa empresas e serviços nos Estados Unidos

Diversas empresas dos Estados Unidos ficaram fechadas em grandes cidades do país nesta quinta-feira (16) e outras trabalharam com capacidade reduzida graças à adesão ao protesto denominado "Um Dia sem Imigrantes" (A Day Without Immigrants).  A iniciativa teve início nas redes sociais, com o objetivo de protestar contra as políticas migratórias do presidente Donald Trump, e se espalhou por todo país. As informações são da Agência Ansa.

Centenas de companhias da construção civil, restaurantes, supermercados e outros estabelecimentos não funcionaram para mostrar ao presidente a importância dos imigrantes para a economia do país. Em Nova York, Washington, Boston, na Filadélfia e em Los Angeles, vários imigrantes abandonaram seus postos de trabalho e se negaram a fazer compras e usar o transporte público, ignorando por um dia a economia norte-americana.

Na capital, Washington, os manifestantes marcharam até a Casa Branca, sede do governo norte-americano, e diversas ruas foram interditadas. Manifestantes carregavam cartazes com frases como "Nenhum ser humano é ilegal" e "Você come comida? Então você precisa de imigrantes".

Diversos imigrantes salvadorenhos, colombianos, indianos e coreanos uniram-se ao protesto contra as medidas anunciadas por Trump, que quer acelerar a deportação de imigrantes ilegais e proibir a entrada de refugiados no país. Em alguns locais foram afixados cartazes que diziam: "fechado por greve geral". Escolas receberam ligações de imigrantes informando que estavam doentes e não iriam às aulas.

Segundo o Escritório do Censo, a população de imigrantes nos Estados Unidos cresceu de maneira histórica nos últimos anos. De acordo com os últimos dados, divulgados em 2013, 13% dos habitantes do país nasceram no exterior, o equivalente a mais de 41 milhões de pessoas.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

As notícias falsas como arma política da extrema-direita


Por Marcelo Fantaccini Brito

Recentemente, um levantamento feito pela Associação de Especialistas em Políticas Públicas de São Paulo (AEPPSP) divulgou os dez sites brasileiros que mais transmitem informações falsas. Dentro desta lista, havia uma grande participação de sites conservadores. O que não é surpresa. Não há simetria entre esquerda e direita na produção e na divulgação de informações falsas. A direita, mais especificamente a extrema-direita, supera com grande diferença na produção de informações falsas, que também podem ser conhecidas como boatos, fakes, hoaxes e lendas urbanas. Não, não estou dizendo que ser de esquerda é ter uma carteirinha de santidade. Muitos líderes e militantes de esquerda fazem muitas coisas ruins. Mas divulgar informações falsas raramente é uma delas.

A hoax como arma política existe bem antes do Facebook. Aliás, existe bem antes da Internet. Uma hoax clássica no Brasil foi o Plano Cohen, “descoberto” em 1937, que se tratava de um plano de comunistas com sobrenome judeu tomarem o poder. Este plano serviu para Getúlio Vargas iniciar o Estado Novo. Na década de 1950, quando a direita passou a ser opositora do Getúlio Vargas, o jornal A Tribuna da Imprensa apresentava “notícias” sobre ligações entre Vargas e Perón, sendo muitas destas notícias apenas rumores. Na eleição presidencial de 1989, circularam rumores de que Lula obrigaria as famílias a abrigarem moradores de rua em suas residências.

A Internet, porém, teve importância para ampliar esta prática. Durante a eleição presidencial de 2010, foram amplamente divulgadas em correntes de email e em redes sociais informações falsas sobre o auxílio reclusão, que diziam que todas as famílias tinham o direito a este auxílio (o que não é verdade) e que apresentavam valores bem maiores do que aqueles que realmente são pagos. A ficha falsa da Dilma no DOPS, do tempo em que ela era guerrilheira, também foi amplamente divulgada. Durante a campanha eleitoral de 2014, circularam boatos de que o PT havia dado título de eleitor para 50 mil haitianos votarem na Dilma. Logo depois da eleição, circularam boatos sobre urnas eletrônicas adulteradas que teriam sido úteis para a reeleição da Dilma. Em 2015, apareceram notícias sobre uma suposta descoberta de que a microcefalia seria causada por vacinas mal conservadas, e não pelo zika. Este foi um boato de direita não necessariamente para atingir o governo Dilma, mas para fomentar campanhas anti-vacina, campanhas estas que têm um ou outro apoio de esquerda, mas geralmente são apoiados por grupos de direita, principalmente religiosos.

Dois políticos brasileiros de esquerda que são os mais frequentes alvos de boatos são a ex-ministra Maria do Rosário e o deputado Jean Wyllys. Maria do Rosário já foi acusada de ter recebido a assassina Suzanne Von Richtoffen. Há uma lista enorme de boatos envolvendo Jean Wyllys, que pode ser encontrada clicando aqui. Entre estes boatos, estão o de que ele quer regulamentar o casamento entre humanos e animais, e o de que ele defendeu a pedofilia. Durante a eleição para prefeito do Rio de Janeiro em 2016, circularam boatos de que Jean Wyllys seria o secretário de educação em uma eventual administração de Marcelo Freixo. Aliás, houve outros boatos naquela eleição. Houve até mesmo um áudio com uma imitação da voz de Marcelo Freixo insultando taxistas.

Uma notícia falsa circulada via Internet no ano passado mostrou que os inventores deste tipo de notícia não têm qualquer confiança no senso crítico de seus leitores, que consideram que eles aceitam tudo. A notícia foi a de que uma policial militar evangélica virgem teria sido estuprada e assassinada por meninos de menor. A notícia tinha tantos elementos da pauta conservadora que estava óbvio que se tratava de um fake: exaltação da polícia militar, exaltação da virgindade, exaltação dos evangélicos, redução da maioridade penal e o “cadê as feministas?”. Muito provavelmente que difunde este tipo de notícia também não acredita no conteúdo, apenas acredita que outras pessoas acreditação e acredita que seja útil que outras pessoas acreditem.

A prática não existe só no Brasil. A extrema-direita norte americana é recordista em hoaxes. Entre as farsas, estão a de que Obama nasceu no Quênia, de que Obama é muçulmano, e de que o Planned Parenthood (organização não governamental de saúde da mulher que realiza a muitos abortos legais) vendia partes de fetos.

E a teoria da conspiração da lua, aquela que, através de informações falsas, diz que o ser humano nunca esteve na lua e que tudo foi filmado em estúdio? Seria coisa de simpatizantes da União Soviética, inconformados com o fato dos norte americanos terem chegado antes? Não. Quem difunde a teoria da conspiração da lua são grupos fanáticos religiosos de direita.

Existem farsas difundidas por pessoas de esquerda? Sim, mas a quantidade não chega perto da quantidade de farsas de extrema-direita. No final da década de 1990, vi alguns esquerdistas dizerem que havia um livro escolar de Geografia nos Estados Unidos que mostrava que a Floresta Amazônica não fazia mais parte do território brasileiro, e que se tratava de uma área de preservação controlada pela ONU. Era mentira. Não havia Orkut, Twitter e Facebook naquele tempo, mas esta farsa foi muito difundida em correntes de email. Porém, não se tratava de uma lenda urbana exclusivamente de uso esquerdista. Nacionalistas de direita também colaboraram com a difusão. Mais recentemente, logo depois da votação no plenário da Câmara da PEC do teto dos gastos, alguns amigos meus de esquerda colocaram no Facebook uma foto de deputados de direita segurando uma faixa com a frase “ESTAMOS CONCERTANDO O BRASIL”. O “CONCERTANDO” com C era uma montagem. Na verdade, a faixa estava escrita corretamente mesmo, com o “CONSERTANDO” com S. Mas uma vez revelada a farsa, nenhum desses amigos esquerdistas meus continuaram insistindo.

As grandes empresas de mídia no Brasil são de centro-direita, defendem o liberalismo econômico, mas não defendem o conservadorismo patriótico, militarista e religioso. Há tanto sites de esquerda, quanto sites de extrema-direita, que criticam as grandes empresas de mídia no Brasil. Mas apenas os sites de extrema-direita usam a notícia falsa como meio de fazer política. Alguns sites de esquerda utilizam algumas formas criticáveis de argumentação. Quando é noticiado que algum político do PT se envolveu em algum escândalo de corrupção, alguns desses sites lembram de escândalos semelhantes que ocorreram no passado que envolveram políticos adversários do PT. Podemos criticar esses sites por estarem relativizando, passando no pano nos escândalos de políticos do PT. Mas os escândalos que esses sites utilizam para mostrar que “todo mundo fez” não são notícias falsas. São notícias que saíram, embora com menor destaque, na grande mídia. Alguns sites de esquerda costumavam mostrar uma foto de Eduardo Cunha conversando com os ministros do STF para “provar” que o STF estava protegendo Eduardo Cunha. A ideia defendida por ser equivocada. Eduardo Cunha era o presidente da Câmara, e, por causa do seu cargo, é bastante normal conversar com ministros do STF. Mas a foto era verdadeira, não foi montagem, a conversa realmente aconteceu, portanto, não se trata de notícia falsa.

O tema “informações falsas como arma política” é bastante discutido atualmente, principalmente por causa do aumento da importância das redes sociais no debate político. Como foi dito anteriormente, as farsas existem bem antes da Internet, mas a Internet aumentou a potência das farsas. Por causa do aumento de importância do tema, é possível que apareçam “isentões” escrevendo sobre isso, querendo mostrar exemplos de farsas de esquerda e farsas de direita em igual número. Estes “isentões” não seriam isentos, pois sua “isenção” não corresponderia à realidade. A hoax é uma arma muito mais utilizada pela direita.

Se vocês têm colegas, ex-colegas e familiares que insistem em repetir farsas e que vocês sabem que esses aí são pessoas que têm inteligência suficiente para saber que trata de farsas, mas que consideram politicamente conveniente a difusão, saiba que vocês estão perto de pessoas que não são boas. Se vocês vivem perto de gente que insiste em difundir farsas, vocês têm que mandar essa gente tomar no cu.


Obs: Se algum leitor acha que fui viesado e injusto e que há mais exemplos de farsas difundidas por meios de comunicação de esquerda, sintam-se livres para deixar seus comentários e mostrar estes exemplos.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Um novo estatuto do PT, Reforma Política Interna


Por Dag Vulpi 10/05/2011 editado em 14/02/2017
O PT era um partido que se destacava por valorizar a participação democrática de sua militância nas tomadas de decisão de sua legenda. E esse era um diferencial em relação aos demais partidos.  Porém, com a chegada e permanência no poder ele começou a dar impressão de perda da identidade, afastando-se das raízes ideológicas e tornando-se um partido comum, mostrando vícios que o nivelam com os demais. O PT perdeu a capacidade de pensar estrategicamente e se sobrepor às disputas internas, fazer das ideologias as lutas maiores e mais importantes para o partido. Os verdadeiros petistas perderam espaço dentro do PT, por excesso de desunião, projetos pessoais, e principalmente, com a ausência de projetos nacionais.

Já se passaram sete anos da realização do 4º Congresso Nacional do PT ocorrido em fevereiro dos idos anos de 2010. Nele deliberou-se pela realização de um amplo debate a respeito de sua trajetória organizativa e dos desafios presentes e futuros daquela instituição partidária que naquela data completava 31 anos de fundação. 

Aquele congresso teve por objetivo principal atualizar seu estatuto partidário e reforçar os instrumentos institucionais internos que garantiriam a democracia e concepção organizativa do partido. 

Passados sete anos, o que mudou no PT? 

Se algo mudou, essa mudança foi benéfica ou o tempo provou que as lideranças do partido estavam completamente equivocadas na forma escolhida para promover as tais mudanças tão necessárias?

A resolução que estabeleceu essa reforma definiu uma pauta obrigatória, fruto das reflexões acerca da vivência política que os levou a tantas vitórias importantes, mas que também passou por crises e impasses marcantes.

Debateu-se o financiamento da atividade partidária, ou seja, foram discutidas sem reservas as formas de sustentar materialmente o partido e reduzir sua dependência de financiamentos externos. Aquele foi um ponto decisivo para estabelecer, de forma transparente, uma estratégia permanente que viabilizaria o crescimento sustentável de sua presença política na sociedade.

Naquele congresso também destacou-se a necessidade de ser mantido o caráter coletivo das campanhas eleitorais do Partido, ou seja, como garantir que os projetos individuais não se sobreponham às demandas coletivas e à democracia interna. Em um partido como o PT, o risco de tornarem-se reféns da estrutura política externa ao partido é sempre presente, quanto mais o partido cresce mais seus líderes tornarem-se atores decisivos da vida política da Nação.

Tratou-se também e especialmente, da necessidade de aumentar o número de filiados e melhorar a vida orgânica do Partido. O PT, na maioria das pesquisas de opinião, tinha mais de 20% de simpatia popular, em torno do triplo do segundo colocado, o PMDB, que registrava entre 6 a 9% dos pesquisados. É razoável que o partido tenha a ambição de trazer 20% desses simpatizantes, para o ato de filiação formal ao partido com o qual se identificam. Isso representaria quintuplicar o quadro. Mas para que isso fosse conquistado de consciência e participação, teriam que tratar da ampliação da democracia interna, inclusive garantindo formação política e comunicação interna regular para o conjunto dos filiados. Por mais que o PT fosse a experiência mais efetiva de participação partidária do Brasil naquele ano e referência para inúmeros partidos de outros países nesse aspecto, sabia-se que havia um enorme desafio para superar o abismo entre a filiação e a real participação democrática nos rumos da vida interna do partido.

As experiências positivas e negativas verificadas nos PEDs de 2001 a 2009 haviam determinado o desafio de consolidar o instrumento do voto direto e afastar do seu caminho os desvios típicos das disputas eleitorais despolitizadas. Para tanto, era necessidade urgente o fortalecimento da capacidade dirigente das instâncias partidárias.

A combinação entre a agenda institucional do Partido e as lutas sociais determinava o caráter multifacetado de um partido que buscava intervir nos mais variados espaços do Brasil. Para que isso se sustentasse em termos estratégicos, era vital capacitar o Partido para o debate ideológico e programático em curso na sociedade brasileira da época.

O debate a ser feito seria determinante para que a construção partidária se consolidasse nos próximos anos. Mais que discutir regras isoladas de eleição de instâncias, o fundamental era ousar no projeto organizativo e buscar a qualidade das relações políticas como insumo básico para seu projeto político.


No momento em que a sociedade brasileira retoma a questão da reforma política, a primeira iniciativa de sua reforma interna deveria ser a participação das bases do partido na discussão. As centenas de milhares de filiados deveriam dar a demonstração de que aquele não era um problema da direção, nem as respostas viriam da cúpula. O PT sempre mostrara que a militância é que defendia e protegia o partido, na luta pela democracia de seu projeto socialista. 

Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

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